Talita Rhein

Como é viver com Blackout

Hoje vou falar de um assunto polêmico! Mamilos! Eles são polêmicos! hehehehe

Brincadeiras à parte, faz um tempinho que eu descobri que meu cérebro tem um buraco negro. Na verdade, não chega a ser nada grave e que me impeça de ter uma vida normal, mas é um problema quando eu não faço um registro das minhas memórias.

Acontece que, o cérebro humano é como o HD de um computador. Pra que caibam novas informações, algumas coisas velhas precisam sair e, naturalmente, o cérebro escolhe coisas supérfluas para ir apagando e abrindo mais espaço para a memória recente e acontecimentos grandiosos e/ou traumáticos.

O que rola com meu HD é que ele gosta muito de trabalhar e ele acaba apagando basicamente qualquer coisa, para poder organizar minhas memórias e pensamentos de uma maneira, digamos, mais coerente com o presente. Não quer dizer que eu sou uma pessoa sem passado, mas eu sou a Dory ao contrário. Em vez de ter problemas com a memória recente, eu tenho uma ótima memória recente, sou muito boa em lembrar números de telefone, senhas, instruções de comando, etc. Mas toda essa “inteligência” tem um preço: se eu não uso essa informação dentro de um período X, ela simplesmente some.

Eu baixei o timehop e é muito engraçado como algumas coisas simplesmente desapareceram da minha história. Como se eu fosse um robô do Westworld, mas com a desvantagem de não poder arrumar isso por meio de um tablet. Vou compartilhar aqui alguns episódios, lembrando, mais uma vez, que meus blackouts são completamente normais, uma vez que eu não perco memória recente. Caso você tenha notado isso na sua vida, consulte um médico! Isso pode estar relacionado à muitas coisas, como estresse pós-traumático, transtorno obsessivo compulsivo, depressão, ansiedade e, em casos mais graves, esquizofrenia, paranoia ou Alzheimer.

Como estou falando aqui abertamente, preciso frisar que já passei no médico, terapeuta, etc. E, para contornar meu caso, eu tomo notas, tiro fotos e sempre estou com pessoas queridas que podem me lembrar desses momentos. Quando viajei sozinha para Europa, por exemplo, fiz um blog e tirei muitas fotos. Muita coisa eu ainda consigo ter como memória afetiva, cheiros, gostos… Mas as imagens, infelizmente, não.

Outro episódio foi minha primeira viagem internacional, para o Chile. Eu sei que gostei muito e que foram dias muito legais, com pessoas incríveis. Comi várias coisas e fui para lugares maravilhosos. Uma pena que a única imagem que lembro de cabeça é minha mão congelando, porque vi neve pela primeira vez e quis pegar com a mão. Esse ano fui pra lá de novo e meu marido fez muitas fotos, além de insistir para que a gente faça nosso relato da viagem, pra que ela não caia no buraco negro da minha memória e vire apenas um punhado de fotos dele. Tenho que fazer esse relato enquanto me lembro!

Eu fico muito feliz de poder ter a internet pra registrar as coisas, mesmo que eu leia isso depois e me ache uma babaca. Lamento muito meu Fotolog ter ido para o espaço e as milhares de senhas antigas do ICQ, do IG, do Flickr que não tenho mais. Meu myspace, meu livejournal e tudo que tem de rastro da minha existência ainda estão ali, pra eu lembrar quem eu era, mesmo que isso custe umas vergonhas aqui e acolá.

Compartilhe suas memórias comigo, vamos transformar nossa vida num grande Orkut. E se eu era sua amiga no passado, por favor, entre em contato, quem sabe a gente pode ser amigo agora.

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