Talita Rhein

Como a publicidade lida com os influenciadores

Spoiler alert: poderia ser melhor

Mesmo que a publicidade já trabalhe há muitos anos com rostos famosos, a era do influenciador trouxe novos formatos, novos termos e novas possibilidades para as campanhas publicitárias.

Eu já dei a dica de como um influenciador consegue ser encontrado pelas marcas para ganhar uma graninha extra. Mas não é uma formula mágica do sucesso e, antes de ficar frustrado e achar que seu canal, blog, perfil, etc. é irrelevante comercialmente, saiba que o mercado publicitário ainda não aprendeu a lidar com os influencers.

The struggle is real.

Rola panelinha?

A resposta é: SIM. Assim como em todos os grupos, relações e instituições somos vítimas, ou beneficiados, pelas panelinhas, isso acontece também no mercado publicitário.

Não é querendo tirar a sua esperança, carx amigx blogueirx, mas, como tudo na vida, a publicidade é injusta. Sabe aquele canal que tá bombando, mas aí você olha e percebe que ele tem bem menos inscritos que o seu? Então, esse canal tem contatinhos.

Os contatinhos são aquelas pessoas que já eram amigas, ou não são amigas, mas são fãs e, por acaso, eles também trabalham num cargo bacana no marketing, PR, publicidade, mídia, etc. de uma marca ou agência.

Isso rola muito. 

É injusto? Nem sempre, mas para quem está na luta isso frustra bastante. O importante é saber que ser influenciador também é ser uma pessoa de negócios. Saber ver as coisas de uma maneira impessoal ajuda quando declinam o job pra você e fazem com outro perfil que não é tão legal ou não tem tanto a ver com a marca quanto você.

A verdade é que ninguém sabe exatamente o que quer, e isso pode ser uma vantagem

Não é só tendo amigos no ramo que você vai conseguir jobs, mas mostrando sua relevância e carregando seu nome como se fosse seu produto. Muitos influenciadores no começo da carreira fizeram publicidade pra coisas bem nada a ver. Depois de fazer sucesso, eles ficam criteriosos.

Só se lembre da sua essência, veja que quando o perfil vira uma grande vitrine de publicidade, o engajamento diminui, os comentários negativos disparam e a pessoa tem que fazer uma gestão de imagem para não perder a relevância.

E quando falo de relevância, falo de números. Pois é isso que importa para uma marca enxergar você. Mesmo que engajamento, comentários, conteúdo, etc. importem muito, os números de inscritos e seguidores são a primeira coisa a chamar a atenção de quem clica no seu link.

Eu não quero aqui pintar a publicidade como uma grande vilã

Sem a publicidade, muitos influenciadores não teriam conseguido se projetar, se desenvolver e se tornar mais profissionais. Se não fosse a publicidade, influenciador não teria se tornado uma profissão.

Por mais que muita gente da “velha guarda” das agências ainda veja canais e blogs como hobby, não podemos negar que há um trabalho envolvido e esse trabalho merece ser reconhecido.

Claro, tem gente que acha que mandar desconto pra um produto é o suficiente para “pagar” um influenciador? Sim. E é isso que tento combater, essa mentalidade de que influenciador não precisa de cachê, precisa de desconto, de viagem, de experiência.

Não é bem assim. Sim, uma press trip é uma coisa legal, mas o tempo que o cara tá lá a sua disposição, é o tempo que ele não tá fazendo algo pelo canal dele. É um tempo que vale dinheiro.

Você, colega do planejamento, publicitário ou relações públicas, pode fazer a sua parte!

Não adianta fingir que não vê a briga de quem sinaliza ou não que é #publi e continuar tirando o corpo fora para não dar a sua opinião. Mandar presentinho, “mimos”, pedir para aparecer nos “recebidos do mês”, querer controlar o conteúdo do post do influenciador, tudo isso é trabalho pra você, certo?

Então enxergue o trabalho dos influenciadores também. Questione o cliente, questione a equipe, questione você mesmo quando for fazer um projeto com influenciadores. Vocês estão dando uma boa estrutura pro influenciador trabalhar?

Todo mundo fala de quanto os influenciadores estão “ficando chatos” mas a publicidade sempre foi abusiva (com funcionários, com artistas, com causas) e parece que pouca gente quer mudar isso.

Eu estou aqui tentando abrir um espaço para debate, para que o mercado se desenvolva e seja mais justo.

Se você concorda, discorda ou apenas quer acrescentar algo, me bipa!

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