Talita Rhein

Como a esquisita se encheu de amigos

A saga de uma menina que aprendeu a fazer amigos, mesmo sendo freak. Ah, e sem aprender a tocar violão.

Eu nunca entendi bem essa coisa de ser amiga de todo mundo. É verdade, conheço muitas pessoas, mas amigos, amigos mesmo, do tipo que eu conto meus problemas, compartilho as alegrias e as frustrações em tempo real não são tantos assim.

Eu tive um plot twist na minha vida, quando, aos 13 anos mudei de escola e tive a oportunidade de “começar de novo”. Antes, antipática e super fechada, eu adorava ficar em casa. Na real, aos 13 anos eu voltei a ser quem eu era aos 5 anos: alegre, extrovertida, conversativa. É que, quando eu tinha 6 anos, os meus pais se separaram e isso foi bem pesado pra mim, fiquei muito tempo tentando superar.

Com 13 anos, eu comecei a perceber que se eu não começasse a me preocupar com meus problemas, eles iam acabar me engolindo. Não cheguei a ser popular nem nada, na verdade, me chamavam de esquisita, porque eu realmente era diferente de todo mundo.

Até que, no comecinho do colegial, eu fui ficando mais segura, comecei a beber, a fazer amigos e a encarar a vida social, mesmo cheia de noias (falei delas neste texto).

Porra, é muito difícil ser a menina esquisita, a diferente, sem amigos de verdade, deprimida, gordinha etc. Eu sofri bullying pra caralho e acho que o que me ajudou a mudar a situação foi o fato de eu ser inteligente. Eu sempre sabia argumentar, os professores gostavam de mim, minhas notas eram boas, eu parecia manjar muito das coisas.

Quando eu deixei de ser quieta e comecei a abrir a boca, eu botei a minha cara no sol e me permiti tudo de bom e de ruim que havia nisso. A galera se aproximou de mim por interesse. Me aproveitei disso e fui me tornando eu mesma, até conquistar as pessoas pelo meu carisma (aham) e não só por aquela colinha na prova de biologia.

De repente, eu tava cheia de amigos. E comecei a conversar com muita gente no Chat da UOL, ICQ, mIRC, SoulSeek, My Space etc. Aprendi a falar inglês sozinha, treinando com os amigos virtuais fãs de Beastie Boys e Bikini Kill (off-topic: a Kathleen Hanna é casada com o Ad Rock ❤). Eu fui conhecendo gente pra caralho.

Aí a galera do virtual começou a ser amiga na vida real e, porra, a gente saía em uma gang de 10, 15 pessoas. Olha só, de anti-social (meu primeiro e-mail da vida era anti-social@ig.com.br), eu virei uma vereadora.

O que aconteceu comigo? Não sei. Eu gosto muito de receber e dar carinho, eu gosto de conhecer pessoas, mas acho que reconheci algo em mim que me fez pensar que eu poderia ser querida, sim. Mesmo assim, em alguns momentos eu sinto, no fundo, que tenho um pouco daquela menina sem amigos, sozinha no quarto, ouvindo a fita do Nirvana e chorando porque tinha depressão igual o Kurt.

Na real, o intuito deste texto é mostrar para aquelas pessoas que se sentem sozinhas que, muitas vezes, você pode se encontrar e isso vai ajudar você a encontrar pessoas legais para compartilhar a vida. Mas, acima de tudo, a pessoa mais importante com quem você deve ter uma amizade é você mesma!

Encontre o que você tem de melhor, valorize isso e use a seu favor. Não tenha medo das pessoas, elas são só pessoas, como você. E já para aquelas que, como eu, tem tanta gente por perto que não consegue administrar, eu tenho outra dica: Google Agenda.

Beijos de luz

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